terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pequenas Críticas,Grandes Filmes(ou não) Parte 2

Katyn(2007)
dirigido por Andrej Wajda
escrito por Przemyslaw Nowakowski
estrelado por Artur Zmijewski

Pouco conheço do cinema polonês,e agora tenho meu primeiro contato com Andrej Wajda.Um senhor de 83 anos com uma extensa e premiada carreira,embora não seja tão celebrado quanto o seu conterrâneo responsável pela trilogia das cores,Kieslowski.Em Katyn,lançado agora em DvD no Brasil,o diretor mostra a eficiência e a mão firme desenvolvida em cinquenta anos de carreira.
Embora a trama seja ambientada na Segunda Guerra,o grande foco do filme é uma parte obscura e voluntariamente esquecida da história mundial:O massacre de estimadamente 20 mil oficiais poloneses na floresta de Katyn.O feito foi atribuído por muitos anos aos nazistas,e apenas com a queda de Stalin é que se comprovou que o assassinato foi ordenado pelos líderes da União Soviéica,que conseguiram obscurecer o fato através da manipulação da mídia.Não há quem não fique assustado com a selvageria e dissimulação dos líderes comunistas,e Wajda não perdoa ninguém,nem mesmo o espectador.
A trama é fora dos padrões,traçando um retrato de diversos familiares de vítimas do massacre,acompanhando a angústia de jovens viúvas e órfãs,a apreensão dos oficiais polacos antes do massacre,e o trabalho de manipulação do governo Soviético.
Tecnicamente impecável,Katyn apresenta uma reconstituição extremamente realista.Wajda não adapta o tragédia para torna-lá digerível ao público,e devido a isso,Katyn é um filme frio,de raso apelo emocional.O espectador não deve esperar um drama novelesco cheio de romance e reviravoltas inesperadas,o filme de Wajda é a realidade somente.
nota:8,0

Jornada Nas Estrelas V - A Última Fronteira(1989)
escrito e dirigido por Willian Shatner
estrelado por Willian Shatner,Leonard Nemoy

Star Trek em seu formato original,é uma série de televisão,mas não quer dizer que ela não funcione em outras mídias,afinal,Gene Roddenberry sempre pensou em criar um universo,não um mero "tv show" de boa audiência.A Última Fronteira,é a quinta jornada estrelar nos cinema,e até então sua mais desprezada e mal-sucedida.O quarto filme,que ficou sob o comando de Leo Nemoy(o Spock),fez um grande sucesso entre fãs e rendeu alto nas bilheterias.Os produtores decidiram deixar o quinto ao encargo do comandante Kirk,Willian Shatner,assim como seguiram suas mirabolantes idéias originais.
A Última Fronteira foi um filme problemático em sua concepção.O orçamento não cobria a grandiosidade das idéias de Shatner,os efeitos especiais falhavam constantemente e várias idéias originais tiveram de ser abandonadas no meio do caminho.Enfim,tudo conspirou contra o que seria o maior de todos os episódios cinematográficos da franquia.Porque se fizermos uma análise,as idéias do excêntrico Willian Shatner são excelentes,e com uma direção segura e alguns dólares a mais poderia se tornar mais uma obra-prima do universo Trekker.
A trama é interessante,e mostra o que seria a "essência sagrada" da série.Após um longo tempo de aposentadoria,a tripulação se reúne novamente numa forçada missão para chegar ao centro do universo,onde acredita-se estar Deus.
O clímax do filme é um tanto bizarro,a falta de uma produção melhor elaborada e um maior orçamento é visível.
Enfim,dá uma tristeza pensar no que poderia ser,vendo o que é.
nota:7,0

Atividade Paranormal(2007)
escrito e dirigido por Oran Peli
estrelado por Katie Featherson e Micah Sloat

Tenho uma natural aversão a filmes artificialmente caseiros,simplesmente por não serem filmes de verdade.Mas,desde que haja originalidade e entretenimento juntos,o resultado pode até ser agradável,como o espanhol [REC].Em Atividade Paranormal,não há um mínimo rastro de inovação,mas com competência e muita sorte,Oran Peli conseguiu divulgar seu filmeco e distribuí-lo pelo mundo.
As vezes é difícil imaginar que uma idéia na sua centésima reciclagem,ainda cause tanto medo e e faça sucesso entre o grande público.Um casal acredita que esta sendo amaldiçoado por espíritos,e então resolve filmar seu sono nada tranquilo.Aí começa o esperado.Uma porta se abre sozinha,uma voz infantil chama o casal pelo nome,ele contratam um "demonologista"(?) e no fim... e no fim...
Não há absolutamente nada para comentar sobre nenhum aspecto do filme.Apenas os últimos divertidos cinco minutos,que fecham o filme com um certo impacto.Até lá,tudo o que Oran Peli faz é encher linguiça.Uma enrolação extremamente chata,mostrando o dia-a-dia do casal finado(ops,falei).
Atividade Paranormal custou 15 mil dólares e rendeu 104 milhões só no U.S.A. É ,acho que ta na hora de levantar meu bundão da cadeira,arrumar uma câmera e fazer um filme de terror.
nota:4,0

Ta Rindo de Quê?(2009)
escrito e dirigido por Judd Apatow
estrelado por Adam Sandler e Seth Rogen
Judd Apatow praticamente domina a indústria da boa comédia,claro que devemos excluir todos os filmes dos irmãos Wayans e aquelas paródias podreiras que ainda chamam muita gente para os cinemas.Apatow não só se tornou um diretor reconhecido,como também pode ser visto como um "caça-talentos",ou seja,ele é um grande produtor do ramo.É ele o cara por trás de pérolas como Superbad,O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos.Em Funny People,chamado aqui no Brasil de "Ta Rindo do Quê?",Apatow mais uma vez chama seus atores favoritos(Seth Rogen,Leslie Mann,Jonah Hill,entre outros),mais o sumido Adam Sandler e faz um filme mais sério,sem deixar de ser uma comédia,mas com um toque dramático e autoral.
Os primeiros 90 minutos são excelentes,ou seja,é o mesmo Apatow de antes.A dramaticidade é bem dosada,assim como as esdrúxulas e deliciosas piadas com "dick's","pussy's" e "motherfucker´s".Adam Sandler entra em cena ótimo,mostrando aquele ator de dramas que não víamos desde "Punch-Drunk Love".Seth Rogen contracena mais uma vez com a sua versão gorda,Jonah Hill,além de outras inusitadas participações especiais.
A trama conta os últimos dias de um famoso comediante decadente,George Simmons,após ele ser diagnosticado com leucemia.Para continuar sua carreira fazendo comédia stand-up,Simmons conta com a ajuda de um comediante pobre,que vive numa comunidades de pessoas do mesmo ramo.Se o filme acabasse no fim desses 90 minutos,com certeza teríamos mais uma clássico de Apatow.
Mas,infelizmente,o diretor ainda nos reserva mais sofríveis 30 minutos,em que ele transforma o drama cômico do começo num romance água com açúcar.As piadas acabam,o ritmo cai e os bocejos começam.Enfim,Apatow mostra que poderia muito bem chamar Kevin Smith ou qualquer outro diretor de comédias mais experiente que o resultado seria muito melhor.
Mais uma vez,dá uma tristeza pensar no que poderia ser vendo o que é.
nota:6,0

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