sábado, 21 de novembro de 2009

STAR TREK(2009)
diretor:J.J. Abrams
roteiro:Roberto Orci,Alex Kurtzman
elenco:Chris Pine,Zachary Quinto,Eri c Bana

Cinema é uma indústria,isso todos devem reconhecer,engolir e aceitar.Um filme com um orçamento de 150.000.000 dólares não é apenas um filme,é um empreitada.Assim como quando um empresário faz um grande investimento,ao realizar uma mega-produção deve-se conhecer os riscos,as possibilidades e principalmente o lucro que o negócio lhe dará.Mas quando nos deparamos com filmes como "Star Trek",o que dizer? Pode parecer um tanto fútil e bobo,mas é um blockbuster feito com o coração.Sabe aquele negócio de 'carinho de mãe',quando um objeto passa pelo calor materno? Então,"Star Trek" possui 'carinho de fã'.Ou seja,é um produto feito por gente que realmente gosta do que faz.Aficionados por ficção científica,cinema e Star Ttrek.São grandes nerds que fazem a vida dos nerds ordinários mais feliz.

Star Trek,ou Jornada nas Estrelas,é um seriado americano sessentista criado por Gene Rodenberry.Explorando o ainda obscuro gênero ficção científica,a série começou com baixos niveis de audiência,e se manteve viva graças a força de seus fãs,os chamados trekkers.Desde então,foram seis seriados diferentes sobre o universo estrelar e onze filmes para cinema contando com este.Esta nova empreitada vai onde produtor nenhum no mundo jamais esteve,mexe no texto original da saga defendida a sangue e suor pelos fanáticos,propondo um ousado reboot.Que nada mais é do que dar uma nova roupagem tanto na estética quanto na trama original do seriado.Um ato corajoso que gerou muita desconfiança até a estréia,quando surpreendeu."Star Trek" arrebatou novatos(como eu),e emocionou velhos trekkers.

O grande nome por trás disso tudo é J.J. Abrams,realizador vindo da televisão,onde foi o responsável pelo famoso "Lost".Com Star Trek,Abrams consolida seu nome no cinema,se mostrando um diretor de mão firme,extremamente hábil e criativo,mesmo trabalhando sob pressão num projeto gigantesco como este.

sinopse: Inconformado com a morte do pai,Kirk é um jovem rebelde que recusa aceitar o peso de seu sobrenome.Spock é um vulcano que abandonou o planeta devido ao preconceito a sua metade humana.Juntos,os dois acabam na tripulação da U.S.S Enterprise num histórico reencontro com uma nave de Romulanos comandada por Nero,um antigo vilão da Frota Estrelar.

Muitos torcem o nariz quando se fala em longas sagas de ficção científica,repletas de detalhes e complicações em sua trama.Felizmente,Star Trek caiu na mão insuperáveis criadores de entretenimento.Antes de fãs da saga,Abrams e sua equipe dominam a arte de chamar público,de convencer.Por isso,o resultado é prazeroso para ambos os tipos de público,fãs e não-fãs.Claro que alguns pontos são reservados para trekkers,mas eles existem sem atrapalhar a diversão daquele espectador descompromissado,que se diverte com uma nova e inventiva história livre auto-explicações.

Nostalgia.O filme é banhado até a cabeça dessa tão especial fórmula.Obviamente,muita coisa mudou desde a série original até este filme,afinal,o futuro dos anos 60 não é mais o futuro do século XXI.Porém,o reboot de Abrams guarda em cada frase de efeito de Spock,em cada confronto de naves espaciais um inabalável ar de saudade.O motivo pode ser a música de efeito que inunda as cenas de ação,os diálogos fortes e marcantes ou então a grandiosidade da aventura. Ou talvez a razão para esse efeito nostálgico seja apenas a falta de bons blockbusters como esse nos cinemas.

Um blockbuster inesquecível é aquele que se destaca entre outros filmes menores.Não só pelo seus efeitos especiais superiores,ou então por um ou outro ator famoso.O que conta no processo de 'imortalização' do filme é a grandiosidade de uma trama bem construída e chamativa,que consegue balancear todos os sentimentos provocados por cada gênero: medo,risos,emoção,empolgação... Star Trek alcança tudo isso com folga.

O filme é tão "mainstream",que até os erros são os comuns entre esse tipo de produção.Marcam presença os típicos furos,ou melhor,furões na trama.E o uso excessivo do 'acaso',recurso proibido na dramaturgia convencional.Nos valiosos comentários do diretor e roteiristas que constam no DvD(ou BluRay agora),Abrams até tenta justificar o abuso de coincidências:
"Achei mais fácil para o público se simplesmente ignorássemos essas explicações. 'Destino' é uma palavra suficientemente forte e me convenceu"
Outra explicação foi a do roteirista Roberto Orci:
"uma teoria quântica que diz que em linhas temporais paralelas o tempo naturalmente tentaria consertar-se, facilitando encontros assim"
Enfim,melhor deixar a física de lado e apenas aceitar a natureza do filme.

É inegável que os efeitos especiais atuais alcançaram um nível de perfeição e um número de possibilidades quase infinito.O grande problema,é que com o tempo o público vai perdendo o entusiasmo com as milionárias pirotecnias digitais.Para impressionar o espectador hoje em dia,exige-se muito mais criatividade e perfeição das equipes.Star Trek consegue com certa facilidade deixar a platéia de queixo caído com seus efeitos,sejam eles mecânicos ou CGI(gerados por computação).Por incrível que pareça,combate espaciais e explosões sempre foram motivos de sono para mim.Star Trek me mostra como é possível impressionar o mais chato dos públicos.

Uma aspecto em que o filme tinha grandes chances de falhar,justamente pela sua grandeza,era o elenco,e mais uma vez a expectativa não se concretiza.Chris Pine é o novato responsável por Kirk,o protagonista.Pine possui aquela velha mistura de heroísmo e canastrice que o personagem tanto pedia.Assim como todos os outros membros da nave exalam aquele ar pomposo dos imortais heróis de ficção científica.

Tenho a impressão de que esse é um dos maiores textos que posto aqui no meu inóspito bloguinho.Não é nenhuma surpresa,muita coisa acontece com Star Trek.Abrams se consagra mestre em entretenimento de massa.Uma idéia velha e aparentemente apagada se torna o blockbuster do ano.A série Star Trek finalmente é apresentada formalmente a mim.Vou ver se confiro os primeiros episódios do seriado ainda hoje,embora o medo de me decepcionar seja grande.

"Vida longa e próspera"


nota:9,0

sábado, 14 de novembro de 2009

TWO LOVERS - AMANTES(2008)
diretor:James Gray
roteiro:James Gray,Ric Menello
elenc0:Joaquin Phoenix,Gwyneth Paltrow,Vinessa Shaw

Desde o Romantismo Literário do Séc.XVIII até o mais infame filme erótico,histórias de encontros e desencontros amorosos foram exploradas com todas as suas possibilidades,em todas as suas formas,sejam tradicionais ou inusitadas.Talvez seja o mote mais manjado de todos os tempos,seja na literatura,na música ou no cinema,o amor.Pense em todos os triângulos amorosos da sétima arte,sejam eles em comédias românticas,dramas,o que seja."Amantes" não faz nada de diferente,ele recapitula todos os percauços possíveis em um triângulo amoroso,a pieguice romântica,tudo isso de forma como ja se viu diversas vezes no cinema.A diferença aqui,é que temos uma ótica totalmente inédita de expressar o amor na tela.Um novo olhar lançado a esses clichês.Tomando lições de cinema e de dramaturgia,James Gray compõe sua obra-prima

Amantes é o quarto filme de Gray.Não chega a ser um diretor de vasta experiência,mas não é o que possamos chamar de iniciante.Basta reparar a autoridade com a qual ele assume seus filmes,tanto é que muitos já o consideram um dos principais diretores contemporâneos.Seu filme anterior,"Os Donos da Noite" era um drama policial sem ousadia e com um forte apelo comercial,e mesmo assim,ja chamava a atenção a maneira como Gray conduzia narrativa,a claustrofobia imprimida nas cenas tão bem filmadas.Agora,com Amantes,ele pareceu ter muito mais liberdade de criação,realizando um trabalho essencialmente autoral com traços auto-biográficos.

sinopse: Leonard(Joaquin Phoenix) é um perturbado homem solteiro que vive com os pais no subúrbio de Brooklyn.Sofre de transtorno bipolar e por várias vezes tentou o suicídio.Com a doença aparentemente controlada,ele volta a trabalhar na lavanderia de seu pai.Por intermédio dos pais ele é apresentado a Sandra(Vinessa Shaw),uma doce e sexualmente reprimida filha de um amigo da família.Ao mesmo tempo,ele conhece Michelle(Gwyneth Paltrow),uma misteriosa e atraente vizinha cheia de problemas pessoais.Lutando contra seu transtorno psicológico,Leonard se vê numa encruzilhada entre duas paixões.

James Gray parece dirgir seu filme na década errada.Filma cenas românticas do mais puro lirismo,assim como na Era de Ouro de Hollywood.Persegue seus personagens pelas ruas densas e lotadas dos subúrbios,assim como na Nouvelle Vague francesa.Um elemento ou outro ligam "Amantes" ao cinema atual,ao mundo moderno.Isso torna o filme ainda mais contemporâneo e necessário.Por mais anacrônico que seja,"Amantes" não é moda retro.É uma revisitação ao passado que revela o quanto a linguagem cinematográfica mudou e sempre tenderá a mudar.

Joaquim Phoenix enlouqueceu depois desse filme.Deixou a barba crescer,deu um uma vexaminosa entrevista no David Letterman e disse ter abandonado de vez a carreira de ator para se tornar rapper.Engraçado isso.Muitos pensam que a relação ator/personagem é muito distante,e que ator nenhum se preocupa em aprofundar-se psicologicamente no seu papel.Leonard ou Joaquin Phoenix,é um homem doente.Está cansado de viver em seu meio,de trabalhar com a família,está cansado da vida.Leonard/Phoenix,na trama de James Gray,esta dividido em duas mulheres,dois rumos completamente distinos na sua vida.Assim como sua mente,vítima do transtorno bipolar, está divida em dois perfis diferentes,o triste e o ansioso.Afinal,quem é Joaquim Phoenix e quem é Leonard Kraditor?

Se Leonard é o último papel da carreira de Phoenix,ninguém sabe,mas que é o melhor,isso é indiscutível.Não só da sua carreira,mas arrisco dizer que a atuação do maluco é uma das melhores em dramas da última década."Amantes" eleva Phoenix a um novo patamar de grandes atores da nova geração.Todo o elenco é perfeito,e as duas musas(Shaw e Paltrow) esbanjam beleza e o talento.O problema aqui, é que a forma como a trama é desenvolvida somada a maestria da atuação do protagonista,transformam"Amantes" num monólogo,onde estão apenas Phoenix e o público.

No desfecho das idas e vindas de Leonard e suas amantes,Gray opta por um final conformista.Podendo decepcionar ainda mais aqueles que esperavam aquele grande climax do final,recheado de sangue e tragédia.Mas,o cinema imposto por James Gray não baseia-se nisso,seu fundamento são os relacionamentos,os personagens,os seres humanos.

nota:9,0

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ZOMBIELAND(2009)
diretor:Ruben Fleischer
roteiro:Rhett Reese,Paul Wernick
elenco:Jesse Eisenberg,Woody Harrelson


Resenhando mais um mega sucesso de bilheterias,eu chego num terrir(terror+risadas).Calcado de boas sequências de ação e diálogos rápidos,"Zombieland" segue a linhas dos "filme-homenagem" que estão surgindo na indústria nos últimos anos.Lotado de referências e alusões a clássicos do cinema,o trabalho de estréia de Ruben Fleiscer é uma divertida,descompromissada e mórbida aventura.

sinopse: O mundo foi contaminado por um vírus que transformou toda a população em zumbis.Os Estados Unidos agora é a "Zumbilândia".Como um dos únicos sobreviventes está Columbus,um nerd solitário que possui fobia de palhaços.Ele conhece Tallahassee,um homem destemido e cruel viciado em bolinhos recheados.Juntos os dois atravessam sem rumo a Zumbilândia,até encontrarem Witchita e Little Rock,duas irmãs que vivem de roubos.

Apesar da trama fraca e curta,"Zombieland" possui personagens que através de suas bizarrices conquistam o público.A característica é reforçada pelos ótimos diálogos criados pela dupla de roteiristas novatos Rhett Reese e Paul Wernick.Cada personagem possui um carisma especial que de uma certa forma carrega o filme nas costas.

Muitos realizadores de Hollywood,quando vão fazer uma comédia,conseguem criar uma boa idéia,bons personagens,mas esquecem do principal,as risadas.Com Zombieland,a quantidade de boas piadas e humor negro faz com que o riso seja constante,sem precisar recorrer ao escracho e ao besteirol.Felizmente, "Zombieland" não é "Todo Mundo Em Pânico".

Como se trata de um filme de terror mesclado com comédia,pode imaginar-se que "Zombieland" seja um exemplar trash.Muito pelo contrário,as cenas de ação e sangueira são irretocáveis,com um cuidado todo especial na montagem e na direção de arte.Na sensacional abertura,talvez o melhor de todo filme,vemos uma brilhante sequência exemplificando as regras de sobrevivência na Zumbilândia,e logo a edição de Alan Baumgarten salta os olhos.Um dos grandes segredos para que Zombieland seja tão divertido e seus 80 minutos de duração pareçam meia hora,é o ritmo fluido imposto pelo trabalho de edição.

A escolha do pequeno elenco é acertada.Como protagonista temos Jesse Eisenberg(A Lula e a Baleia),desempenhando mais uma vez um papel de um jovem retraído.Mas,o grande destaque é Woody Harrelson(Assassinos Por Natureza,Onde Os Fracos Não Tem Vez),genial ator veterano mostrando seu excelente timing cômico,as melhores sacadas cômicas acontecem com seu personagem Tallahasse.

Se definirmos "Zombieland" pela sua trama,infelizmente encaixaríamos ele na programação da "Sessão da Tarde".Mas com com boas atuações,edição competente e sarcasmo hilário,o filme se torna uma diversão de qualidade,sem deixar de ser absolutamente descompromissada.Enfim,não exija muito,mas prepara-se para 80 bons minutos de descontração.

nota:7,0

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

DISTRICT 9 - DISTRITO 9 (2009)
diretor:Neil Blomkamp
roteiro:Neil Blomkamp,Terri Tatchell
elenco:Sharlto Copley,Jason Cope


Deve-se definir melhor o que é "um filme independente".Distrito 9 tem a produção de Peter Jackson,uma campanha de maketing de abrangência mundial e um orçamento de 40 milhões de dólares,e mesmo assim vem sendo classificado por muitos como um filme de "baixo orçamento" ou "independente".Pouco isso influi na apreciação do filme,mas certamente deixa o pessoal "câmera na mão,idéia na cabeça" furioso.Entretanto,Distrito 9 é uma boa surpresa.Uma espécie de ficção científica politizada que deu certo.

Indo contra a maré das continuações e remakes repetitivos,Distrito é um filme original de muita criatividade.Dotado de uma trama furadinha mas inventiva,e uma narrativa que possui o valioso poder de prender o espectador,o filme acabou me surpreendendo positivamente

Com excelente recepção da crítica e arrecadação astronômica nas bilheterias,Distrito possui uma idéia original,mas o motivo de seu sucesso vai muito além disso.O projeto do novato sul-africano Neil Blomkamp teve a felicidade de ser 'achado' por Peter Jackson,que e o apresentou a Columbia,fazendo com que "Distrito 9" tivesse uma campanha de marketing viral enorme.E é por esse lado que o cinema caminha e deve caminhar,grandes campanhas de divulgação.Foi assim com "O Cavaleiro das Trevas",e está sendo esse ano com "Distrito 9".

sinopse: Há vinte anos uma enorme nave alienígena paira sobre Joanesburgo,capital da áfrica do Sul.Sem alternativas,os extraterrestres são obrigados a habitar o local,que acaba sendo denominado pelo governo como"Distrito 9".Com o passar do tempo os Alien são marginalizados pela população nativa,além de constantemente sofrerem com governo Sul-Africano.Agora,com a situação incontrolável,os governantes convocam a MNU(empresa privada de armamentos) para levar a habitação alien local para um deserto distante há 200 km chamado "Distrito 10".O encarregado de chefiar a missão é Wikus Van Der Merwe,o atrapalhado sogro do dono da empresa.

"Distrito 9" é uma das raras ficções científicas politicamente engajadas do cinema.A trama é uma clara alusão ao Apartheid,sistema de segregação racial que assolou a África do Sul por 40 anos.Troque os negros por não-humanos e os brancos por humanos e você tem o fundo político do filme.Assim como na história do país,a inferiorização dos aliens também é reforçada pelo governo,controlado por humanos.A trama ousa ainda mais,envolvendo ativistas dos direitos humanos lutando pelos direitos entre espécies.

Blomkamp opta por filmar a inusitada trama com o não mais original estilo "câmera amadora".Mas isso só até a metade."Distrito 9" pode ser dividido em duas partes.A primeira é a explicação,quando o filme assume a forma de documentário falso,mostrando um vídeo institucional da MNU retratando a entrada dos soldados no terreno alien,intercalando com depoimentos de falsos especialistas e habitantes do local.A segunda parte é a ação.O filme se torna uma ficção científica convencional,com um desenvolvimento rápido e diversas cenas empolgantes.

SPOILER
Essa divisão entre duas partes até um certo ponto dá certo,infelizmente a inexperiência de Blomkamp assola os minutos finais.O diretor peca pelo excesso de explosões,tiroteios e reviravoltas equivocadas.Até a chegar ao desfecho ,que não é nada satisfatório,principalmente para uma história que parecia caminhar para um final épico

Tecnicamente o filme não falha.Os efeitos especiais são irretocáveis,assim como o excelente trabalho de maquiagem.Entretanto,um dos melhores setores da produção são as atuações.Com uma trama tão atrativa e tantos efeitos especiais,é comum que esqueçam do elenco.Destaque especial para o novato Sharlto Copley,encarando seu primeiro papel de protagonista.Sem se intimidar com a importância de seu papel,o ator sul-americano tem um desempenho incrível,encarando todas as reviravoltas do humor de seu personagem,Wikus.

Interessante em sua substância,um pouco falho em sua execução,Distrito 9 injeta sangue novo na produção de blockbusters.O diretor Neil Blomkamp e o ator Sharlto Copley lançam seus nomes na indústria e Peter Jackson enche ainda mais os bolsos.

nota:7,2